Nunca faltaram figuras paternas marcantes na literatura. Do Pai bíblico ao pai destinatário de Kafka em Carta ao Pai; ou do pai aprendiz de Cristovão Tezza, em O Filho Eterno, ao pai que explora os moçambicanos em Caderno de Memórias Coloniais, de Isabela Figueiredo, a caracterização da figura do pai assume feições diversas, geralmente acompanhando as transformações da sociedade e da cultura.
Este curso, que também tem um caráter de oficina, discute a representação paterna na ficção contemporânea, num contexto pós-colonial, por meio do comentário de narrativas como Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar, As Mulheres do Meu Pai, de José Eduardo Agualusa, Niketche, de Paulina Chiziane e outras. Diante das abordagens diversas do assunto presentes nessas obras, os encontros propiciam uma compreensão ampliada das conotações que a personagem paterna assume no texto literário, refletindo sobre temas como poder, liberdade, memória e gênero. Em torno de questões como essas, ao longo dos encontros, os participantes são convidados também a escrever um texto ficcional, a ser lido e discutido entre a turma e o professor.