O diálogo entre cinema e literatura não se resume às adaptações de textos para as telas e pode ser uma excelente oportunidade de ampliar o repertório nas duas artes, desenvolver sensibilidades e estabelecer trocas prazerosas e enriquecedoras. Mas não é sempre que se pode fazer tudo isso praticando outro idioma.
Os encontros Crossed Lines oferecem justamente um ponto de ligação entre a literatura, o cinema e a língua inglesa, estimulando conexões relevantes entre filmes e textos literários curtos, a serem exploradas e discutidas em inglês. Em janeiro, o encontro Crossed Lines é dedicado ao filme ‘Paterson’, dirigido por Jim Jarmusch, e a poemas de William Carlos Williams e de Ron Padgett.
William Carlos Williams (1883-1963) foi um poeta do modernismo norte-americano, além de romancista, ensaísta, dramaturgo – e médico. Uma das principais figuras da tendência conhecida como Imagismo, Williams escreveu sobre temas americanos, com uma linguagem peculiar que inspirou diversos outros poetas. Tudo isso levando uma vida pacata, em sintonia com os assuntos de seus poemas, atendendo os cidadãos de Rutherford, New Jersey, por mais de 40 anos. Entre seus poemas mais famosos estão The Red Wheelbarrow, This is Just to Say e o épico Paterson.
Paterson (2016) é um filme do diretor norte-americano Jim Jarmusch. Indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes, conta a história de Paterson (Adam Driver), um motorista de ônibus que mora com sua esposa Laura (Golshifteh Farahani) na cidade de Paterson. Além de dirigir o mesmo ônibus de segunda a sexta, passear com o seu cachorro e tomar uma cerveja no bar local, ele escreve poemas. O filme mostra alguns deles e para isso Jarmusch contou com a colaboração de seu poeta favorito, Ron Padgett, também ensaísta, escritor de ficção, tradutor e membro da Escola de Nova York. O resultado é uma narrativa delicada que conquistou crítica e público, evocando William Carlos Williams em seu mais essencial: a poesia do cotidiano.