CLUBE DE LEITURA - CLÁSSICOS ESTRANGEIROS

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CLUBE DE LEITURA - CLÁSSICOS ESTRANGEIROS

com Luciana Gerbovic e Patrícia Ditolvo

Virginia Woolf passava as férias de verão, até os treze anos, na casa de praia da família em St Ives, na Cornualha, numa baía de onde se avistava o farol da ilha de Godrevy. Esses verões à beira-mar ficaram para sempre na sua memória. Sua amada mãe, Julia Stephen, renomada por sua beleza, morreu quando Virginia tinha treze anos. Ela teve aí o primeiro dos colapsos nervosos que a atormentariam pelo resto da vida. Com o pai, Leslie Stephen, historiador e alpinista, Virginia mantinha uma relação ambígua. Ele era, nas suas próprias palavras, “espartano, ascético, puritano”. Mas também podia ser muito carinhoso para com os filhos. E foi pela leitura dos livros de sua biblioteca que Virginia, que nunca frequentou escola nem universidade, obteve toda a sua educação. Ao Farol é a transposição artística da memória dos verões passados em St Ives e da relação com os pais. Mas um romance, se bem concebido, nunca é um relato autobiográfico. Tal como no sonho freudiano, a artista procede por condensações, deslocamentos, deformações. O Sr. Ramsay não é Leslie Stephen. A Sra. Ramsay não é Julia Stephen. A pintora Lily Briscoe não é Virginia Woolf. E a Ilha de Skye, na Escócia, não é, obviamente, a baía de St Ives, na Inglaterra.E uma obra literária, poesia ou ficção, não é feita dos atos e eventos banais que constituem o material da vida cotidiana. Mas de revelações, de visões, de epifanias. A artista é uma vidente. Ela vê o que não vemos. E o ato artístico supremo consiste em transformar visões em palavras, em frases, em verbo. Em Ao Farol, as visões, os sons, as cores da infância de Virginia se transformam em imagens literárias, em sonoridades verbais, em coloridos estilísticos. Ela exerce aí, com virtuosidade invulgar, o privilégio supremo da verdadeira artista. Com sorte, teremos, ao lê-lo, as nossas próprias visões, desfrutando, assim, ainda que modesta e brevemente, do precioso dom da vidência. Não se pode querer mais.

Data

7 de maio, terça

Horário

19h30 às 21h

Plataforma

Zoom

Atenção: Se este for um curso na modalidade Online, até 2h antes do início do curso você receberá as informações de acesso por e-mail.

A partir de R$ 25

Inscrições abertas

Luciana Gerbovic é advogada, professora e mediadora de diversos clubes de leitura em espaços públicos e privados e co-gestora do Programa Remição em Rede, que mantém clubes em unidades prisionais do estado de São Paulo para remição da pena por meio da leitura. É autora do romance A Maior Mentira do Mundo (Quelônio, 2024).  

Patricia Ditolvo é formada em Letras pela FFLCH-USP e em Arquitetura pela FAU-USP. Criadora do Críticas Instantâneas, que fala de livros e algumas coisas mais (@criticasinstantaneas), também é carnavalesca do Bloco do Apego e mediadora de clubes de leituras.