
Sobre o curso
A relação entre a experiência e a narrativa, o que foi vivido e o que é narrado, é um dos principais temas em pauta hoje, entre escritores, críticos e leitores. Camila Sosa Villada, por exemplo, é das que defendem que ‘a memória sustenta a escrita’. Cada vez mais autores produzem obras que levantam perguntas sobre as divisões entre o real e o ficcional, o que é testemunhado e o que é inventado, sobre como os livros se alimentam da vida, a transformam ou mesmo a substituem. Afinal, como o viver nutre o escrever? Como o escrever muda o viver?
Diários reais como o de André Gide (que achava absurda a separação entre vida e obra) ou ficcionais como o de J. M. Coetzee, os testemunhos de sobreviventes, os livros de memória, autoficção, biografias e projetos de fundo autobiográfico como os de Miranda July, Annie Ernaux, Didier Eribon e Édouard Louis nos fazem pensar onde termina a vida e onde começa a literatura.
Essa questão central para a literatura contemporânea é o foco deste curso. A partir da leitura e da discussão de trechos selecionados de autores e obras de referência, teremos tempo suficiente para mergulhar progressivamente no potencial desses laços, incluindo alguns exercícios de escrita, propostos aos participantes.