A arte da memória é, como já foi dito alguma vez, uma arte da leitura de cicatrizes, capaz de criar tanto espaços de invenção como aqueles calcados na verdade histórica, inclusive em suas versões pessoais, como é o caso da chamada literatura de testemunho. A escrita mediada pela memória é, entre outras coisas, um ‘mecanismo de resistência à deslembrança, um acerto de contas com o próprio passado e também um modo de se conciliar escritura e morte’, conforme assinala Márcio Seligmann-Silva. Ambos se conciliam nas autobiografias, nos diários e nas autoficções, já que, ao trabalhar a memória, o texto presta-se também a preservar de alguma forma o que foi perdido.
Tendo em vista essas colocações, o curso discute os aspectos principais que caracterizam o testemunho escrito, as autoficções, os diários e a noção de lugar de fala na literatura, a partir de passagens selecionadas de autores como Philipe Lejeune, Djamila Ribeiro, Bernardo Kucinski e Cristóvão Tezza.