O que fazer diante de um bloqueio criativo agudo? O escritor Raymond Queneau, ao se ver nessa situação, uniu-se a outros colegas de ofício para fundar, nos anos 1960, o que viria a ser uma espécie de movimento literário: o Oulipo (sigla em francês de Oficina de Literatura Potencial). O grupo defendia a experiência do texto criativo por profissionais e amadores, a partir de ‘restrições', isto é, regras formais que orientam a criação. Esse expediente revelou-se eficaz para desbloquear a escrita, jogando justamente com alguns bloqueios estratégicos. Com base em experimentações de oulipianos como Georges Perec, Italo Calvino e Marcel Duchamp, esta oficina promove a escrita com uma série de exercícios lúdicos, que também desmistificam a ideia de criação como ato quase sagrado e refém da inspiração. Nos encontros, os participantes exploram temas como o plágio e o pastiche, refletindo sobre a originalidade de um texto e as potencialidades literárias escondidas sob os clássicos. As aulas mesclam alguma teoria e muita prática, já que, como disse um crítico sobre a literatura de Queneau, afinal ‘é escrevendo que se vira escrevedor’.