Tradicionalmente, separa-se a filosofia da literatura: aquela seria conceito e esta seria fabulação, aquela seria conteúdo e esta seria forma. Mas há muitas passagens entre uma e outra. O Brasil não é exatamente pródigo no campo da produção em filosofia, no entanto criou obras literárias que, em si mesmas, têm enorme força filosófica.
Com base nesta constatação, o curso se detém sobre quatro momentos únicos de nossa literatura em textos que continuam vivos para os leitores atuais, tanto pelo prazer da fruição literária como por sua capacidade de alimentar a reflexão, abrindo um diálogo com a filosofia que permite encontrar na própria escrita literária a construção de pensamentos sobre a cultura, a moral, a linguagem e a existência. Ao longo dos encontros são abordados a antropofagia cultural nos poemas e manifestos de Oswald de Andrade; o tema da falta de caráter em ‘Macunaíma’, de Mário de Andrade; o desafio da linguagem em ‘Vidas Secas’, de Graciliano Ramos, e a angústia existencial em ‘A Paixão Segundo GH’, de Clarice Lispector.