Em uma carta para seu professor Izambard, o poeta Arthur Rimbaud escreveu uma curiosa sentença: ‘Eu é um outro’. A frase, que se tornaria famosa, pode ser considerada uma espécie de cifra de questões importantes e bastante atuais no universo da escrita literária de qualquer gênero, ou mesmo fora de suas balizas. Em um poema, um conto ou um romance, mesmo quando o ‘eu’ enunciador coincide com o ‘eu’ do escritor, trata-se sempre, e antes de tudo, de uma construção textual. Em outras palavras, o que está frequentemente em jogo na construção do ‘eu’ é o ‘fingimento’, isto é, a ‘ficção’.
A citação de Rimbaud é o ponto de partida desta oficina que explora as várias encenações do eu na literatura. Nesse percurso, textos de autores como Fernando Pessoa e Clarice Lispector servem de referência para a abordagem do tema central da oficina, em paralelo à proposta de exercícios de escrita e ao comentário dos textos elaborados pelos participantes.