A chamada literatura de viagem se consolida como gênero literário no séc. XX. Mas é claro que relatos desse tipo existem há milênios, como a viagem contada em versos na Odisseia. Sem ir tão longe no tempo, para nós brasileiros basta lembrar das descrições de terras e gentes na carta de Caminha. Mesmo sem esse nome, a contemplação de lugares com algo de turismo, ainda que acidental, serve de fundo para grandes obras literárias, como Morte em Veneza, de Thomas Mann ou Mongólia, de Bernardo Carvalho. A viagem pode ser também o disparador de uma experiência pessoal transformadora, que dá vez ao desfile da habilidade do escritor, caso de Na Patagônia, de Bruce Chatwin e tantos livros nessa linha.
Para não falar das viagens sem bússola, relatos que envolvem atmosferas de sonho ou histórias fragmentárias, registradas nas Vozes de Tchernóbil, por Svetlana Aleksiévitch ou, em outro clima, por Geoff Dyer em seu Ioga para Quem Não Está Nem Aí.
Todas essas modalidades de narrativa de viagem são abordadas neste curso, com exemplos das obras citadas e de várias outras, incluindo a própria experiência de Zeca Camargo como colunista do gênero na imprensa. Ao final, os participantes são convidados a escrever um breve texto de viagem, a ser comentado depois pela equipe da Escrevedeira.