Registrar sonhos pode ser uma prática recorrente para quem tem familiaridade com a psicanálise. Mas o que fazer com os sonhos que escrevemos? São muitos os exemplos de inspiração onírica na literatura, e o sonho bem sonhado, registrado e trabalhado pode se tornar matéria para um excelente texto literário, assim como a forma de escrever os sonhos pode servir de inspiração para a escrita de matérias não sonhadas.
Surrealistas buscaram liberar o acesso ao inconsciente e ao automatismo da linguagem, subvertendo convenções. Se para a opinião popular os sonhos sempre foram vistos como premonitórios, eles voltaram a ganhar atenção especial nos últimos anos, diante dos fenômenos apocalípticos que vivemos, como a pandemia da covid-19 e as catástrofes climáticas.
Como podemos trabalhar hoje a matéria e a forma dos sonhos, na poesia e na narrativa, usando recursos de combinação entre o sonho e o real, sem fazer disso um manifesto? Textos de Freud, Lydia Davis e Veronica Stigger são algumas das referências desta oficina, em que vamos ler sonhos em obras teóricas e literárias, e a partir delas pensar e praticar novas formas de escrever com sonhos.