Em determinado momento do romance Perto do Coração Selvagem, de Clarice Lispector, a protagonista declara querer o que ainda não tem nome. Mesmo fora do livro, a frase diz muito sobre o projeto literário de Clarice, marcado por um certo estranhamento em relação ao mundo e à linguagem. Entretanto, para a felicidade de nós leitores, o estranhamento nunca paralisou sua literatura; pelo contrário, foi ele a força motriz de tantos romances, contos e crônicas inesquecíveis.
Este misto de curso e oficina percorre uma série de textos curtos da autora, destacando principalmente o modo como eles lidam com um sentimento de desorientação e estranhamento, dando forma ao seu assombro com a vida e as coisas do mundo. A partir dessas leituras e de alguns eixos de sentido captados pela exposição 'Constelação Clarice', os participantes realizam exercícios diversos de escrita. A ideia é afiar o olhar não só para as entranhas dos textos, mas para aquilo que está ao redor deles, visível ou invisível, fazendo caber – como desejava Clarice – o instante em palavras.