Quando algo se torna rotineiro, costumamos agir sem pensar muito sobre o que fazemos. Ações como abrir uma porta, pentear os cabelos, escrever um bilhete, pegar uma escova ou uma caneta, são gestos e objetos em que mal reparamos. Entretanto, observá-los de perto pode ter efeitos produtivos para quem escreve. 

No ensaio ‘A arte como procedimento’, Victor Chklóvski propõe entender a arte como um deslocamento da percepção. De fato, uma das capacidades da arte literária, além de representar as dores, delícias e transformações psicológicas de personagens, é explorar suas relações com os objetos, enriquecendo nossas possibilidades de compreensão do estar no mundo.

A ideia desta oficina é, por meio de exercícios inspirados em textos exemplares de autores como Lev Tolstói, Carlos Drummond de Andrade, Marguerite Duras e Hilda Hilst, experimentar o trabalho com a linguagem e as formas literárias, procurando criar um distanciamento entre o objeto e sua percepção corriqueira.